FASTIO
FASTIO
São sete horas
Não acordo cedo
Não amo nada
com essas máquinas endemoinhadas
invadindo de sons minha morada.
Nas ruas que vão ao mar
imagino grandes façanhas
Nesse tempo de pouco falar
de tanto precisar parecer
engulo minhas palavras
cicuta para a alma
bálsamo para esquecer.
Festival de pernas de brim
passam a zil por mim
que posso, apenas, sorrir
nesse tempo que pede palavras
que digam cada vez mais nada
para que ninguém pareça sozinho.
Com o sol sobre os ombros
com os olhos no mundo
deixo entrar em mim
o que se faz escombro.
Pessoas aos pedaços
amores aos cacos
casas vazias
bocas quentes
noites urgentes
Pára, coração
faz esquecer
que o homem é solidão
nessa rua que vai ao mar
que é, sem precisar parecer