Somos apenas destinos em rota de colisão...

E os dias são enxurradas de sonhos úmidos

Escorrendo entre as calhas o alvorecer

Foram eles que roubaram os finais

E escrevo vendo-os deitar-se em mais uma noite

Na taça partida de pecados... Vinho

E recordações que afagam os ventos

O paladar sente a ação das cores doces

Mas eu estou mergulhando nesse dia que adormece

Pássaros que se aninham

Pássaros que despertam

São como as almas que seguem os destinos

São como uma dança de auroras e arrebóis

Eu peculiar e atencioso

Degusto pequenas belezas contemplativas

Como a fome de um pequeno anfíbio

Que ceifa a vida e encerra as asas da mariposa

E os dias são enxurradas de minutos

Todos retidos nos balaios de promessas esquecidas

Mas a palavra selada corrói a consciência culpada

Então caminho descalço sobre as brasas das estrelas

Enfim eu guardarei as palavras nas sombras noturnas

E os anciãos e ermitões se achegarão à minha fogueira

E o sol dos corações adormecidos caíra em brasas novamente

Quando a primeira das vozes se manifestar

E serão noites de ouvir

Serão as lendas dos antigos

E serei serviçal de meus anseios

Com os sentidos aguçados colhendo luzes

E serão noites de verão

Com a poesia recitada entre os equinócios

Com um grito ecoando meu amor até você

Estremecendo os pilares do templo de mim

Somente assim eu poderei sorrir

E os dias serão todos para ti

Deixarei então o alforje na soleira

E deixarei nossas almas se completarem...