MEU VÍCIO
MEU VÍCIO
Antonieta Lopes
Em vendo a folha, um papel em branco
Tenho vontade louca de escrever,
Pego da pena, o verso sai de um tranco,
Não existe pra mim maior prazer.
Cheia de idéias, sento-me num banco,
No aflitivo e mágico dever,
Fechado o coração, logo o destranco
De toda mágoa passo a me esquecer
Se o ratinho não rói, o dente cresce,
Se não escrevo a angustia me sufoca,
Se a chuva não cai, perde-se a messe
De tristeza e alegria a rima em troca,
Como onda vai e vem, não arrefece
E no mar dos amores desemboca.