SOBRE A LUA

SOBRE A LUA

O tempo escoa pelas bordas da noite

Sobre a grama, ratos rastejam

Com olhar teso. Medo.

Sob a lua, todas as coisas são abstratas.

Todos os homens estão perdidos

Debaixo da lua

Para a lua, debaixo, não há nada.

Sobre, extensão interminável

Que não tem coração, mente, força, poder.

É apenas extensão azul. O que basta.

Sendo tudo.

Sobre a lua, Tudo.

Sob, ruas e vacas esmagadas pelas rodas

Em confusão.

Ruas e pessoas amaciadas

As carnes moles de sol e sofreguidão

Sob a lua

Sob a lua, homens e máquinas

Unindo o mundo que parece tudo.

Mundo máquina do mundo:

Rodas, engrenagens, virabrequins

Motores, amortecedores, marcha

Farol, pare, siga, cante, grite, corra.

Sob a lua, mil coisas

Sob a lua, televisão

Homens, palavras

Tudo nada

Que venham em bando

Que venham em asas, rodas

Na forma de praga. Que venham

Motores força cavalos engrenagens

Que venha tudo

Para massacrar-me nesse chão

Sobre essa relva

Junto aos ratos.

Que tudo me massacre

Soterrado pelo progresso

De boca aberta diante as chaminés

Gozando êxtase diesel

Olhando as coisas

Que vêm e vão

Que sob a lua, nada

Que a relva, nalgum lugar

Encontra-se com o céu.