No oitavo soco
O quinto soco
o arrancou de si
e o mergulhou
numa escuridão densa
de profundezas
abissais:
lulas gigantes cortavam
velozes
o abismo
negro
insondável,
como espadas
de luzes
espectrais.
O sexto soco
o trouxe de volta,
e a dor lhe disse:
viva! Olhos inchados
abriram-se
em fendas
escuras,
que nada viram
além de sangue
escorrendo
quente
no rosto
feroz
de seu opositor.
O sétimo soco
explodiu
dentro dele
em fogo
vermelho,
o som estalando
abafado
distante,
quebrando-se
em ondas
mudas
de gosto
febril
intenso
de ferro
na boca.
O oitavo soco
o arrancou
de ser
– de ouvir, ver e sentir –
de uma vez,
como um rasgo,
um escarro,
sem conexões
de volta,
jogando-o
no mais fundo de tudo
que não existe:
– O mais puro breu.
Um último tremor
percorreu toda a carcaça.
E na imagem mil vezes reprisada
pela poderosa rede de tv,
um vômito
amarelo-avermelhado
escorria
lentamente
pelo canto
esquerdo
de sua boca.
Nos sofás,
palanques e
arquibancadas
da selvageria
indomável,
aplausos
e gritos:
Bravo! Bravo!