Um Brinde
Um brinde aos caminhos tortuosos que trilhei,
afinal foram eles que tornaram-me o que sou.
Carne dilacerada, coração tranquilo e mente rasgada,
foram tantas as pauladas que me impus
que já nem sinto a dor quando chega, anestesiou-se os sentidos,
não enxergo, não ouço, arrasto-me em meio aos pés.
Pés não maiores do que sou, apenas acham estar acima,
mas quanto mais subirem, maior será o tombo no final.
Para viver devo seguir o meu coração,
filtrar as minhas ações com a razão,
quem sabe encontrar uma paixão...quem sabe?
o tolo poderia me responder, o fútil afirmaria,
e eu então riria e diria tens razão...Sócrates mesmo já afirmou.
quem sou eu para dizer que não.....
sigo no caminho que abro com o sangue e o suor de meu corpo,
vivo não por viver, mas por compreender o que não pode ser compreendido,
quem sabe assim encontro as respostas, nesta longa costa,
costa de espinhos, de passarinhos e de caçadores.....
Um brinde com a taça da vida
um brinde para esta vida vaga
de inúmeras idas e vindas,
quando este vai e vem parar
enfim poderei descansar....