VISÃO

VISÃO

Em uma dessas tardes

que o tempo –Eu lhe peço: não leve!

não há de levar,

quando as estações se despedem,

vi os três cavaleiros

trotando pela estrada de chão:

José, o da frente

Gerônimo, o segundo

Antonio o terceiro

Naquela tarde que não esquecerei

vi os três homens desmontarem

apanhar as armas

entrar no bar

para beberem de morrer e acabar

Voltaram ao crepúsculo

José o primeiro

Antonio o terceiro

Gerônimo, o segundo

Naquela tarde, inesquecível

Antonio gritou: eia, alazão

vamos voltar à estrada!

Guardaram as facas e fuzis

Retornaram à poeira e chão

Gerônimo, o segundo, pegou a viola

Entoaram, bêbados, umas cantigas.

Ouvi-lhes as vozes claras

d'entre breu e escuridão

Antonio o último

José o primeiro

Naquela tarde que não esqueço

vi os três cavaleiros sorrindo

vindo em minha direção.

-Fica calmo, menino, disseram

Uma terra tão bonita

não merece nenhuma judiação

Gerônimo, o segundo

Antonio o terceiro

José o primeiro, eia alazão!

Depois, já grande

lendo o Livro Santo

fiquei sabendo que

naquela tarde inesquecível

vira os cavaleiros do apocalipse

e entendi que Minas era terra-salvação.