TELA
TELA
A DEBRET
AS LUZES ENFRAQUECEM
NA CAMPINA, AVES LEVANTAM VÔO.
RODAMOÍNHOS DE POEIRA
A FACE LIMPA DO CÉU ESGOU DÔR
NAS SALAS-DE-AULAS TRITURAM CRIANÇAS
NAS MÁQUINAS VIVAS
A BOCA SE ABRE
FOTOGRAFANDO A MAGENTA
DO OLHAR ESPAVORIDO
NA CAMPINA, DENTRO DA MOLDURA
A CENA AÉREA REFLETE
OS ESPELHOS AFLITOS DA ESTEPE
PRESTIDIGITADORES ENCANTAM
OS AMORTECIDOS SENTIDOS
DOS HOMENS SOBRE AS SELAS
CAVALOS RELINCHAM
BRIDÕES NERVOSOS
SOFRENAÇO
MÃO ERGUIDA
ABELHAS ENTRANHAM FEL NO MEL
ABANDONAM A COLMÉIA
O MENINO É DEITADO AO SOLO
N´OUTRO LADO DO RIO
SUAS MARGENS BANHAM LÉGUAS
INDEVASSÁVEIS PELA ESPADA
ARRIBAM ANÚS
POMBOS PERDEM O GIRO
O PASSADO TOMA SEU LUGAR
ANINHANDO-SE NO FUTURO
NOS ÚBERES, LEITE TALHADO
BEZERROS ESFAIMADOS
DOBRAM-SE, VERGAM, SECAM
O CAMPÔNIO ESTICA O PESCOÇO
NADA ENTENDE SUA ALMA
NOS MUSEUS, A LÂMINA BRILHA
ENTRE GALÕES, MEDALHAS
HONRARIAS DA INVERDADE
MORTE
INDEPENDÊNCIA
OS CAVALOS ESFARELAM TERRA
O TROPEL ECÔA NAS MEMÓRIAS
DAS CRIANÇAS FORJADAS
NA MÁQUINA DA HISTÓRIA
SEM GLÓRIA.