TECHNOS
TECHNOS
Nesta hora mesma
estão em andamento
tantos inventos, experimentos
que sequer podemos supor
Tantos homens, máquinas
funcionando sempiternos
que nossas individualidades
tornam-se banalidades
O que é a solidão de um humano
frente à decodificação dos genes?
O que é a noite, a morte, a mulher
se comparadas à Challenger?
Ora, tu e eu, dois civilizados
bem o sabemos, fomos subjugados
impregnados de civilização.
Esqueçamos, inúteis, a paixão.
Exploremos nossa serventia
debrucemô-nos sobre as engrenagens
ocupemos nosso lugar na máquina
do mundo e nada de horas vazias.
Nada de alma, coração, sentir
Nada de crer, pensar, julgar
Incomoda-te a idéia de não ter
identidade; de calcular o que vê?
Ora, não te preocupes!
De tripas e trapos fazem-se os farrapos
que tudo entendem, especulam
e, amanhã, novas perguntas.
Não te deixes abater. Não se deixe.
Sem tecnologia o sol rasga as vidraças
a lua fecha as casas
sem rodas, eixos, porcas, nada.