Campos proibidos
Piedade para os que sentem um oceano a bramir no peito
Para os que têm sobre a face uma mão de aço
A impedir as palavras
De quem sequer pode perguntar
Nem tem direito de saber
Piedade para os que têm o pensamento em turbilhão
E para os que pecam quando oram e pedem
Pedem o que não deveriam pedir
Piedade para os que se acordam e se recolhem
Sem o sentido da vida
Para aquele que nem ataca e nem revida
Piedade para quem se sente prestes a seccionar o voo
E sabe que é noite escura
E as ondas o afogarão
Piedade para quem caminha em campos que não lhe pertencem
E fere os pés
E tinge as areias alvas e desconhecidas
Piedade para quem vai se afastando
E, ao mesmo tempo, tem a dor se aproximando
E tem a consciência de que essa dor
É a sua única bagagem