Campos proibidos

Piedade para os que sentem um oceano a bramir no peito

Para os que têm sobre a face uma mão de aço

A impedir as palavras

De quem sequer pode perguntar

Nem tem direito de saber

Piedade para os que têm o pensamento em turbilhão

E para os que pecam quando oram e pedem

Pedem o que não deveriam pedir

Piedade para os que se acordam e se recolhem

Sem o sentido da vida

Para aquele que nem ataca e nem revida

Piedade para quem se sente prestes a seccionar o voo

E sabe que é noite escura

E as ondas o afogarão

Piedade para quem caminha em campos que não lhe pertencem

E fere os pés

E tinge as areias alvas e desconhecidas

Piedade para quem vai se afastando

E, ao mesmo tempo, tem a dor se aproximando

E tem a consciência de que essa dor

É a sua única bagagem

taniameneses
Enviado por taniameneses em 09/07/2012
Reeditado em 12/07/2012
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