SUBMERSÃO

SUBMERSÃO

Estou só no mundo.

A última companhia

submergiu em delírios

cosmopolitas.

Fiquei sozinho à boca

vulcã desse silencio

entalhado no concreto,

plantando pedras no ar

frio da manha ciana.

Estou só.

Mas possuo u'a mão!

Quando faltar café‚

talvez me desespere

e agrida essa mão hedionda

que é o tudo que possuo

estando só no mundo.

Saio a desligar buzinas

e lâmpadas, inúteis agora.

A cidade é enorme!

Há muito o que arrumar

para possíveis visitantes.

Percebi certo desconsolo

no aperto de mão do amigo, ontem,

antes da submersão.

No entanto, atrás dos óculos,

os olhos eram de esperanças

e coube-me, apenas, sorrir.

Não duvidei da esperança que vi.

Agora estou quimicamente só,

restando-me a mão

que alastra pelo corpo

a impressão de necessidade

de começar de algum ponto.

A mão despojada.

O corpo nega, todo.

Memória.

A mão não perdoa,

até‚ apoiá-la na borda

da urna branca e insondável.

Útil, então; Física, a mão.

Estou só. Tenho u'a mão

e é tudo que possuo no mundo.

Estou no mundo,

vermelho no branco,

sem ter como recomeçar.

Desconheço o ponto crítico.

Apenas possuo u'a mão

que é tudo que possuo.

E que oferto.