A PIPA AZUL
A PIPA AZUL
Antonieta Lopes
Lá vai a pipa azul, sobe empinada,
Á linha presa de uma manivela,
Cabeceia sutil, dá uma guinada,
Contra a força do vento se revela.
Das aves se mistura à revoada,
Para o espaço infinito lá vai ela,
Porém se falta o vendo cai magoada,
Sobre a copa frondosa se escabela.
É como uma ilusão linda e galante
Que n’alma vai subindo, te que a dor
C’o um puxão arrebenta-lhe o barbante.
E ela desce flácida, sem cor,
Volteando tonta, num instante,
Pousa morrendo seja aonde for.