“Bebendo a morte”
Ele tinha ombros largos
Andar pesado, faces rachadas
Mãos trêmulas e pernas inchadas
Conduzia um cajado velho, sujo
Pesado e tosco
Perambulava pelas ruas nuas de sol
E repletas de lua
Nas sarjetas das manhãs sujas, fedidas e frias
Ele despertava para se embriagar de desilusão
Nos copos que a esmola lhe pagava
E era assim sua rotina
Até que um dia
Um automóvel guiado em desespero
Por um fulano
Colega de vicio seu
Bebeu-lhe a vida
Fugiu sem pagar a conta
E nos jornais do dia seguinte
Uma foto em preto e branco
Mostrava um ser caído na sarjeta
Que bebeu a morte em tragos diários
® Varley Farias Rodrigues