SOCAIRO
SOCAIRO
O homem que sou
fez-se de barro e sopro.
Aquilo que ela dà
é o que não pode carregar.
O homem que serei
fez-se do sonho e valentia
Aquilo que ele oferece
é o que não lhe tem serventia.
O homem que quero
é feito de amor e poesia.
O que ele dá
é o que é e lhe dá alegria.
O homem que faço existir
é feito do que não quero para mim
O que ele nega
jogo fora e não recupera.
E o homem que de mim exigem
é feito de óleo e fuligem
o que ele dá é vertigem
o que oferece é miragem
o que nega é o que existe.
O homem real
é poesia e sal
O que oferta é a mão
que escreve sem razão.