SINAL FECHADO

SINAL FECHADO

O CREPÚSCULO DEBRUÇA-SE SOBRE OS VELHOS

LANGOROSOS PENDURADOS EM SEUS CIGARROS

MAS MEU CORAÇÃO NADA SE COMOVE;

ABRAÇA AS BARBATANAS DO DIA

TOLHENDO AS CRIANÇAS NO AQUÁRIO

DAS MORADIAS.

MEU CORAÇÃO, CEGO, SEQUER BALBUCIA.

CONSTRÓI NOVELOS APRESSADOS

DE DURA LÃ AOS PÉS DAS ÁRVORES

ESTENDENDO SUAS UNHAS DOURADAS

ARRANHANDO OS CAMELÔS EM SUAS BARRACAS.

A NOITE VEM ALIMENTAR OS CÃES

QUE DESAPARECEM NA ESCURIDÃO;

INCENDEIA A PRAÇA

ONDE AS LUZES ACENDEM SEM GRAÇA

ILUMINANDO A MIM, SENTADO NO BANCO

OLHANDO OS VELHOS ENCATARRADOS

QUE NÃO PRESSENTEM A NOITE POR DENTRO

DE SEUS OLHOS APOSENTADOS

O ESGUICHO DA FONTE, FINALMENTE

ESPANTA A MIM E AOS VELHOS DEPENDURADOS

PERCEBO-A ESPICHANDO-SE MOLEMENTE

DEBAIXO DO BANCO E AO MEU LADO

É COM O CORAÇÃO SECO, AS UNHAS ROÍDAS

QUE LHE OFEREÇO UM CIGARRO

QUE ELA LENTAMENTE RETIRA DO MAÇO

PENDURA-O NO BEIÇO DO VELHO

QUE CAMINHA PARA DENTRO DA MINHA CASA