SILENCIOS

SILENCIOS

ENQUANTO O TEMPO SE APRESSA

PASSANDO SUAS CÉLERES PASSADAS

LÁ FORA

ACÁ, TÚ E EU, MEMÓRIA DE CÃO

NOS INFERNIZAMOS DE SONS

RODAS E ALARIDO.

TEMOS MÃOS RUDES DE OPERÁRIO

PEITO SINGELO DE VIOLINISTA

INVENTO SONS E DANÇAS

QUE É SÓ PÉS E ALMAS

SOB A METRALHA DO LÁ FORA

AQUI ME ESCONDO

TÚ TE ABRES EM MONOSSÍLABOS

CONVOCANDO DEUSES ESTRANHOS

PARA ESTE CHÃO CRISTÃO

AMANHÃ, MORTA DE VODKA

RECITARÁS MELÓPEIAS

OUVIREI TRISTEZAS

BEIJAREI O CHÃO

AMANHÃ, QUANDO AS RODAS

ADENTRARE NOSSA MORADA

NÃO ADIANTARÁ PALAVRA

QUE NÃO SERÁS SALVA

HABITADA QUE ESTÁS

PELOS SONS INFERNAIS

DAS TUAS CAPITAIS

ESPERAS QUE RUAM OS PRÉDIOS

PARA ANDARES SOBRE ESCOMBROS

COMPONDO NOVAS COREOGRAFIAS

NO DIA-A-DIA SILENCIOSO

QUE SE IMPÕE SOBRE TI.

MAS O CORPO FICA OBSERVANDO

O CORAÇÃO PARANDO

NEM BEM A BOCA O DISSE

JÁ O AMOR MORREU

TEUS OLHOS CONDENAM:

QUE BEIJO TORNARÁ PÚBLICO

QUANDO NO INSTANTE SULFÚRICO

DISSOLVERES TUAS PAIXÕES?

QUANDO LEBRARES DO TEMPO

QUANDO AMARES CADA MOMENTO

JÁ NÃO TEREI MAIS SONBS

NEM AS RODAS HABITARÃO A MORADA

JÁ NÃO DECLINAREI INÚTIL MEU NOME

NÃO AMARÁS MAIS UM HOMEM

E SIM AS SUAS MEMÓRIAS

NOS VELHOS ARQUIVOS

VEZ POR OUTRA O ANSIARÁ VIVO

MAS SEREI SOMENTE

UM SOM AUSENTE

PASSEANDO SOBRE OS ESCOMBROS

QUE SONHAS FONÔMENOS

AGUARDO SOLENEMENTE

QUE TE DESCUBRAS GENTE

QUE DESATES TUAS LÁGRIMAS

SOBRE AS RODAS DA CAMA

SOBRE OS FREIOS SEM TRELA

SOBRE NOSSAS GOELAS

QUE SUFOCAM DECLARAÇÕES.