RUAS

RUAS

Central do Brasil

Estão perdidos nos bares da avenida

Os deuses e madalenas arrependidas

Que se perderam quando crianças

Quando usavam tranças e tinham

Durante a lua, sonhos de grande amor.

Estão escondidos nos prédios em escombros

Se esmurrando, se empurrando

Os homens da estiva

Que à noite, com mãos calosas,

Acariciam um corpo de mulher.

Está bêbada a noite, ouvindo resmungos

Da fauna da cidade grande

Fugindo de sirenes, vejo

marias e irenes

Procurando na escuridão

Fugir de suas próprias marcas.

Vê-se, nos bares das avenidas

Nas ruas escondidas

As beatas e beatrizes

Que hoje são meretrizes,

Eteras das esquinas.

Debaixo de marquises

Elas amam, me amam e cobram.