RESSURREIÇÃO

RESSURREIÇÃO

Os olhos do Santo Cristo

São contos de muita dor.

Olhando pro crucifixo

Encho o peito de amor

Na coroa do Aflito

Repousa a mão do Senhor

Que entregou o próprio filho

Que a si mesmo entregou

Imolou-se em sacrifício

Por um amor salvador

Ofício mais esquisito

O de morrer por amor

No rosto do Santo Filho

Estão as marcas do rancor

De quem beijou o Cristo

E, como o Pai, o entregou

A vontade dos amados

O moço condenou

Amor mais engraçado

Que nada perdoou

O amor não se compadece

Nem das chagas do Senhor

O amor que tu me destes

Meu coração arrancou

Agora, fito no Cristo

Entendo o que é o amor

Faca varando a alma

Como a lança no Redentor

Se Ele ouvisse a carne

Decerto quebrava o andor

Prosseguia sem redengar-se

Uma vida de pastor

Tocando suas ovelhas

Para onde vai o verdor

Esquecido que era filho

De quem o abandonou

Amava quem o amasse

Madalena que o pastoreou

Até o fim no Calvário

Por obra do amor

Sentimento mais esquisito

Que mata quem perdoou

Os olhos do Moço Santíssimo

São contas de sofredor

O amor que tu me destes

Da terra me arrancou

Deixou vivo o martírio

Que nunca mais me largou

A faca mora na alma

É objeto do rancor

Onda que empurra o rio

Que no mar se espedaçou

Coisa mais esquisita

Essa, chamada amor.