RECUO
RECUO
A mão que ofertei, humilde
e tao elegantemente recusastes
nao se recolhia.
Continuava estendida através de mim
em dádiva completa, e triste
ofertando o resto, que pouco vale.
Nao era mão que odiasse:
-Mão peremptória: adeus!
e fosse estender-se a outrem.
Era mão sem nojo dentro,
sem aspera na palma.
Apenas u'a mão, simples
e complicado.
Por fim, os músculos enrijeceram.
O instinto, para evitar agonia,
mandou que ela se guardasse.
-Orgulho e vergonha não mais existiam
naquela mão que se ofertava.
Ela se escondeu.
Após tanto tempo dormente
Após tanto escorraçar Deus
percebo nos dedos um movimento
um exercitar de longa espera
E pressinto que a outra mão
minha mão se move
com o mesmo dom
de pura oferta
Eu não recuso
mas o medo
transforma
gesto em
objeto.
E Pára.