QUINTAIS

QUINTAIS

Repousar como repousa o rio

No seu leito

Abraçando gentil areia.

Despertar como desperta a flor

Oferecendo o corpo ao sol.

Andar nas árvores como anda a lua

Que suave é o perigo a encontrar.

Espairecer no vento nossos pensamentos.

Perder nos prédios de mil cidades

Nossas ansiedades.

Sermos puros como o esvoaçar do anjo

Quando se reveste do canto de Deus.

Banhar como banha-se o lírio

No orvalho da madrugada.

Me encontrar como se encontra o homem

Quando procura a terra.

Olhar o céu e berrar a Deus que sou feliz.

Me encontrar como se encontram os pardais

Suaves são os perigos dos quintais

Que poderemos repetir velhas palavras

Com gosto de primeira vez.