LAVRATURA DE INVERNO

(para Gislaine Canales, que sabe de versos e glosas)

Diálogo Marinho,

poema de vento e mar,

nasceu no apartamento de

Jair Portella, na Avenida Atlântica,

frente ao mar de Camboriú.

Questionadora de ausências e mitos,

entre a bruma e o sol tímido,

a Poesia espiava garoupas bailando

na Ilha, enfurnadas de dourado e prata,

talvez no baile único do Inverno.

Netuno, justo neste dia, estava gripado.

E as sereias cochichavam

a sabedoria das ondas,

ávidas por um par que dançasse

sem sussurros ou mágoas.

E, na boca do poeta,

vinho regurgitava o antigo mistério:

ser pequeno frente ao horizonte.

Do livro OVO DE COLOMBO. Porto Alegre: Alcance, 2005, p. 53.