Cheiros do mundo...
Euna Britto de Oliveira
Da árvore de pau-brasil
Retiro um ramo.
Macero algumas folhas minúsculas entre os dedos
E sinto o cheiro dessa árvore.
Esse mesmo deve ter sido o gesto
De alguns portugueses,
Há 500 anos,
Ao se aportarem nas novas terras descobertas...
Pois quem resiste à curiosidade
Quanto à possibilidade de um cheiro novo?
O cheiro do pau-brasil
E o de todas as plantas e árvores
Não mudam nunca!...
A História tem cheiro próprio
Temperos puros
Muralhas e muros.
A Matemática tem números-primos e resultados exatos.
A Imprensa tem boatos.
Quanto a mim, tenho um modo próprio de olhar
A partir de cada novo patamar.
Abaixo de Deus,
É esse olhar que me liberta...
Sei que estou certa!
Vou vendo cada casa construída ficando deserta
E cada deserto sumindo em flores!...
Permeando tudo,
De todas as plantas,
Os odores...