PAZ PARA A GALILÉIA
PAZ PARA A GALILÉIA
Um parque semi vazio
Um dia de frio
Intrínseco.
Um homem semi-opaco
Dentro de um casaco
De puro feltro.
As árvores caladas
Uma hora marcada
Uma espera.
Carros ocasionais
Rostos ágeis
Pernas e pés.
Alguém se senta no banco
Fala que do outono.
Só então lembro
Percebo o afluxo de cores
Às arvores
Uma árvore a mais
Um homem sentado.
O homem é uma árvore
De desígnios estrelares.
Guardo dentro da tua boca
O sorriso acumulado
Na tua ausência.
Fecho dentro das mãos
Cerradas e fortes
Uma magia.
Uma hora marcada
Uma demora enorme
Uma câimbra.
Amarro pensamentos
Em um feixe espesso
Ateio fogo.
Tuas pernas de brim
Traços de nanquim
Vinham caminhando ligeiras
De olhar admirado.
Teu sorriso e rosto juvenis
No solo do Brasil.
Te vejo
a caminhar
Olhando à volta.
A contemplar
Uma hora marcada
- Estás atrasada.
- Primavera ?
começou nesta madrugada
enquanto dormias
sonhavas
- Deus, que lindo !
teu sorriso vivo.
Eu revivo.
- Lindo ! Lindo ! Lindo !
Ri-se: – Nessa madrugada ?
- Ouvi no rádio.
Dos teus olhos escorrem
Lilases, petúnias, flores
Sem nomes.
As meninas dos teus olhos
Estão ocupadas
Mãos carregadas
De flores e cores.
Olhas-me: olhos floridos.
Nada te conto.
No rádio,
Depois da primavera
O massacre dos palestinos.