OS PALCOS

OS PALCOS

Agora

As ruas tão caladas

As ruas tão vazias

A janela me confessa

Segredos da noite.

Agora,

As existências são mais simples.

Ser feliz é questão de sonhar.

Sonho. Não durmo.

O sono não permite: não deito.

Os parques vazios

A noite e seu silencio

No fundo, tudo se perde

Em nostalgia e desencanto.

Não há vento, relógios

Que marquem o tempo.

Nada há que fique :

Tudo é tão simples como a própria noite

De dentro das tristezas

Uma mata mais. Uma fere mais

Fundo neste fim de noite,

Neste resto de mundo.

Um suspiro profundo

Na noite quente.

Teu corpo deitado

Teu ventre ritmado

Sempre se repete

Este triste cenário

Estas duras palavras

(nossas falas

nesta peça louca)

nada impede a boca.

Esses tantos fatos

Que já começam a adoecer

Te desmancham sob a luz sarracena.

Aproveito tua sombra

Medrosa e obscena

Sombra do teu corpo

Emerso no palco

Ruína de cenário louco

Ameaçando cair

Sobre nossas cabeças, redondas, rústicas e ocas.

Juntos neste palco

Neste fim de mundo

Final de ato,

Só posso tomar tuas mãos

Sapientes e sudorosas

Para nelas deitar uma rosa

que não existe outra fala