OCUPADO
OCUPADO
Tu me dizias
Coisas que só tu farias
Alturas que somente tua mão alcançava.
Presa fácil de ludismos
Ficava a te contemplar os anéis
As articulações finas e veias estendidas.
Tu me contavas letargias gozosas
Ácidos descomunais
Eu, respiração suspensa.
Quando ouvi tuas histórias
Pareceram-me algo abstrato
O presente voando ao lado.
Quando me surpreendi solitário
Saudoso da emoção de acreditar
Danei a crer até em filosofias.
Homens pensando, homens falando
Homens fazendo pedra do pensamento pão.
Homens são homens. E isso é triste.
Bati na porta ao lado
O vizinho se fora ontem
A mobília no corredor.
Olhei à janela e vi homens
Voando o sonho impossível
Atrás das glórias que voavas sem asa.
Assustado, vi-me absorto
Por mundo que ignoro
Nas centenas de coisas. E pronto!
PAD
Devolva minhas horas estendidas
Aos pés das tuas fantasias.
Meu coração é telefone
Que não tilinta.