LIVROS, LIVROS

A cada livro que bate à porta,

esvoaçando as asas da Poesia

– solidão, medos, amores,

poema ornado de flores,

ou qualquer matéria da vida –

fico sempre esperando o novo:

algum louco

com guarda-chuva

ao sol tórrido,

alguém tomando sorvete

em meio à neve,

ou quaisquer bruxarias

que nos tornem santos,

ou aqueles amores

que nos fazem diabos,

traidores inconfessáveis.

A cada vez que abro o livro,

tudo pode acontecer a ambos,

autor e o condenado

a ouvir e ruminar a estória.

O que não muda é a saga de viver:

esta doida trapaça

de querer mudar o mundo.

Do livro OVO DE COLOMBO. Porto Alegre: Alcance, 2005, p. 71.