LUGAR DE PÁSSARO

LUGAR DE PÁSSARO

Para onde vão os pássaros

absolutos

Plumas de chumbo

que as mãos tremem não descrevê-los?

Para Onde

que os via

de uma janela em meu coração

em pétrea sombra.

Para onde vão os pássaros?

Falarão que língua sobre o mar

que não os assusta

ou amedronta quem, dessa nave,

genuflexeia por noites suaves

enquanto a divindade ruge verde

sem perdão, nenhuma piedade?

Para quem voam

as asas que ruflam anjos

abrindo vácuos que não ocupo

com a pouca memória dos brutos

que aspiram santos em aéreas realezas

Para quem voam

essas delicadezas?

Deste inerte corpo absurdo

angustiado pelos sons do mundo

invejo a formação serena

que me amplia a sensação eterna

de rocha imóvel dentro da arena.

Para onde foram os pássaros

que as asas rechaçaram o ar

desnortearam o demente em seu labirinto

cujos princípios começara a desvendar

Que remoto poder exercem

essas asas anjas

que escrevem rápidas sombras

nas rochas que escondem o homem em seu lar?

Para onde vão os pássaros?