LIBERDADE

LIBERDADE

RRR

Sentido de ser livre, poder respirar, rir

Mesmo sendo de si mesmo. Poder falar, chorar

Ou sonhar. Sentir-se solto estando acorrentado.

Sou livre. É como gostaria que fosse

Como nunca quis ser. Faço todos os meus sentidos atentos.

Nessa amplitude de espaços ilimitados

Sinto como é ainda inexplorado o meu próprio finito.

Sou livre para fugir dos meus medos, assumir minhas

Vitórias, magoar minhas distancias, aproximar minhas

Saudades, ré-amar, ré-querer todas as ignorâncias.

Sou livre para amar e tenho medo de me perder

Dentro das liberdades ousadas mas tão desejadas.

Se sinto que adormeço estando lúcido, posso

Fechar os olhos nos sonhos da realidade.

Se quero abafar meus gritos, deixo-os saírem livremente

Como grandes gargalhadas.

Se posso ser livre para exprimir meus pensamentos

Posso deplorá-los. Assim como os faço existir,

Desapareço com eles na incoerência dos meus acertos.

Sou livre para caminhar, tentar trilhar o caminho

Que escolhi; as trilhas em que rastejar; as corridas

Que puder correr. Também sou o juiz de meus pequenos

Crimes cotidianos e das minhas virtudes desapercebidas.

Sou livre para viver (apesar de não ter sido livre para escolher)

E desde o momento em que este ar poluído me enche os pulmões

Devo respirá-lo ou não; posso abrir as mãos para um carinho

Ou para a bofetada. Sou criança e velho; megera e anjo.

Às vezes sou o misto de tudo e ecôo no vazio.

E sou livre para nas horas mais simples, converter-me

Em tragédias. Posso ver nas coisas simples o mistério

Indecifrável do próprio criador: eu sou o meu Deus.

Pelo simples motivo de existir, sou ser livre

Para continuar sendo livre.

Sou apenas prisioneiro da minha própria liberdade

Sendo livre apenas para ser meu próprio carcereiro.