A Visitante Noturna (Descrição de Pesadelo)
Em meio à gélida névoa obscura
Que durante a noite envolve meu ser
Vejo – ou sinto – às vezes aparecer
Na alcova sombria uma etérea figura.
Olho incrédulo a diáfana estrutura
E apavorado fico então a padecer:
A existência não consigo compreender
Desse abantesma, bruxuleante, que fulgura.
O vulto se acerca, entre lamúrias e gemidos:
Não sinto-lhe o calor que se nota nos vivos
Mas sei: é uma mulher; ou fora, outrora...
Enfim, seus pálidos lábios se unem aos meus
E um beijo de morte é o último adeus
Findando o tormento da tétrica hora!