TRAPAÇA
Bebo a taça do gozo e do riso.
Teus alvos dentes mordem maçãs
num ritual de vestal e rainha
e a festa está completa.
(Há um anjo doído
e seu bandolim de prata)
Na boca línguas e néctar.
O som brincando no corpo
como um sino louco,
a cabeça mal arrumada.
É música o antegozo sob a pauta sôfrega.
Há cansaços demais neste zelo
de nos sabermos prontos.
É um jogo de xadrez
a trapaça de viver.
– Do livro OVO DE COLOMBO. Porto Alegre: Alcance, 2005, p. 36.
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