Morte
Morte que chega na beira do abismo
Olha para baixo e não vê nada
Se recolhe, implora para mais um dia
Ela olha, reflete e não vê coisa alguma
Morte seca que lacera e vai a loucura
Pesa na compreensão da tirania
Afasta-se na imparcialidade do querer
Reclama na observação do saber
Morte viva impressa na postura
Impera no seu desgosto
Morte negra e fria
Que se encolhe na escuridão de si
Ou clareá para um novo raia
Morte segura e que segura
Sem vergonha da sua existência
Fica, até se acalentar nas suas conquistas
Morte sem sorriso e deboche
Onde escuridão e luz se misturam
Incompreendida alia-se no alivio da ruína
Morro ao nascer
Morro a cada instante
Morro na esperança de não cultivar a descrença
Morro na razão e sem previsão
Me calo e espero a extinção
Palpite, prenúncio da despedida