Noese

Estive ai, à sombra de sua pele

viva e do seu olhar amadeirado

estive ai, deitado sobre seu cetro

de espelho e argila, da sua glória

de verdura e do seu senso libertário...

estive pendurado sobre seu perdão.

sobre sua vida de vidro, sobre seu

histórico segredo de girassol...

um dia, todo o aparato escondido

nos alqueires de meu rosto,

nos vincões de formigas aladas,

e das estantes de livros raros

que depunha a favor de seu medo

um dia, com a mala de couro

desbotado, feito de caridade

e crueza: a beleza despontou

simples, reduzida apenas

ao seu grau último:

Uma pequena sensação de ser

claro...

Ariano Monteiro
Enviado por Ariano Monteiro em 07/07/2012
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