Tarde
O céu brinca de aquarela
Pincelando sobre o campo
Seus matizes multicores...
Um horizonte colorado
Maragateia o poente
Cegando os olhos da gente
Que se perdem, campeadores.
Tardezita mormacenta
Cheirando a campo queimado
Quando a macega adelgaça...
E os olhos pousam no açude
Mirando o espelho d`água
Parceiros da revoada
Nas plumas brancas das garças.
Tardezita,
Tarde buena
P`ra um mate jujado a sonhos
Pelos lábios da morena.
Tardezita,
Querendona
P`ra um lampejo de saudade
E um ponteio de milonga.
E a sinfonia campestre
Recomeça no arvoredo
Com a passarada faceira...
Parece que a natureza
Também campeia sossego
Buscando o aconchego
Nas copas das laranjeiras.
No céu uma lua prateada
Costeando a boca da noite
Vem repontando as estrelas...
Que se desprendem luzentes
Pontilhando sobre o campo
No lombo dos pirilampos
P`ra que os olhos possam vê-las.