CATATONIA
CATATONIA
As malas arrumadas
junto aos gradis da sala
não irão a lugar algum.
A casa nova não existe
A rua larga, onde morarias
desaparece na fumaça
Os vizinhos que conhecerias
também.
Os copos servem de morada às aranhas
que tecem bordados
sobre teus guardados
Uma velha foto
perde sorrisos.
Os olhos acordam tarde
Parado, não mexes músculo!
As mãos impedem a morte
de trilhar a outra metade do caminho
Acenam, para que esperes,
os teus dedos em vidros.
O anel de formatura
na falange
retém um mundo:
universal saudade!
Nos lambris
tua carapaça moída
quimeras.
Usas artefatos
artifícios
para conduzirem para além
a estatificiedade
Não consegues passo
Não moves ínfimo
Não despertas cedo
Lá embaixo, carneiros
e cogumelos
lepra e firulas:
o dia pula
para dentro de teus olhos
como uma torrada.