BRUNO

BRUNO

A tua lenta caminhada

Para a vida

É minha corrida absurda

Atrás da morte.

Quando fores homem, um dia

- Ai, como envelhecerás! –

teu anos rumarão para uma caverna.

Quando fores homem,

Esquecerás que foste meu filho.

As lembranças das crianças

Recolhem-se cedo hoje.

Enquanto teus anos, na caverna

Dos homens, tentam alguns gravetos

Para acender o fogo do teu empirismo,

Caminharei pelas montanhas

Aquecendo-me ao sol de agosto.

Quando, surpresa, descobrires

Que na caverna existe entrada

De ar e luz

Estarei a escalar fendas íngremes.

Quando conseguires passar

Pelo raso buraco oxigenado

Já terei alcançado o último pico.

De lá, Ícaro sem Creta,

Contemplar-te-ei na tua lenta subida

De segredos e pedras:

A idade completa

Só é interrompida pela altura abismal

De uma data secreta.