AMEAÇA

AMEAÇA

Dia após dia

vejo os pássaros morrendo

de encontro à minha janela.

Dia após dia os vejo,

coraçõezinhos emplumados

suicidando-se sem querer.

Acordo tarde, abro-a

lá estão os cadaverizinhos mudos

no peitoril, de novo ausentes de tudo.

Todos os dias, janela aberta

sem querer nenhum deles entrar em mim

como se, pensassem, pudessem morrer.

Todos os pássaros são tolos.