Vaidade de vaidades.
Entre tantos olhares,
ela chega toda-toda.
No passo da luxúria,
no caminhar do ego, ela chega, toda-toda.
Toda idolatria,
toda egocêntrica,
toda-toda
sugando olhares.
Quem neste corpo pode abster-se?
Poderia esconder o corpo,
retirá-lo para montes invisíveis,
e arrancá-lo das visões?
Ela ama ser visada, olhada
em sua beleza, falsa porém real.
Entre tantos olhares,
ela caminha.
Mesmo em terra de cegos,
ela é rainha.
Canonisa-se a si mesma
indica-se para o prêmio, ama-se demasiadamente.
Em baixo do sol,
ela chega toda-toda
como poderia esconder uma casa em um monte?
Uma casa suja, e ainda assim se ama.
Ela não consegue se conter,
ela não se esconde
grita e saboreia,
apenas para aparecer.
Ela não consegue se esconder,
é involuntário.
Tantos olhares, mesmo sem ninguém olhar
em terra de cego, ela continua sendo rainha.
Veste-se de glamour e brilho
toda obscena.
Olha-se no espelho e adora o que vê,
ela chora na própria paixão.
Tudo que se mostra,
tudo que se molda,
tudo que se exalta
é vaidade, como diria o pregador.
Ela, a vaidade, sem verdade
sacia-se no próprio espelho.
Vaidade de vaidades,
tudo é vaidade.
[06/07/12]