ALEXANDRIA
ALEXANDRIA
Ah, eis que chega o homem
de olhos esgazeados
que aguardava o futuro
como se presente de Deus.
Ele não tem mais deuses;
Já descobriu onde termina a altura:
que queimem os livros de Alexandria!
Será, no fim, um beijo e o carrilhão do desejo.
Eis que chega, afundando seus passos
nos mistérios dos livros que desesperam.
Eu o arrasto e o trago, a seu contragosto
até um canto mais retirado
onde o instruo sobre o lastíssimo brocado.
Ele tem os dedos amarelos
Sua pele transparece insônias
Ele é o que fui e repreendo,
mas o deixo seguir, morto-vivo,
em seus passos retilíneos.
Poliglosso, detona o ar
com suas insanidades,
esquecido dos calores
que chama de néscios.
Suas ordenações são monossilábicas
e todos os cultos os da palavra.
Eis que chega o homem dicionarizado
com teorias no ventre.
Comuniquei-lhe o presente
ao qual furtou-se.
Agora arrasta seus pés sem gozos
completamente dirigido por causas
e encravações.
Este homem ridículo que não
cumprimenta os às mesas
que erguem as mãos e disfarçam
invocando o garção.
Este homem, esqueçam-no,
está contaminado pelo fastio
e tédio das filosofias.
Libertou-se por completo de tudo.
ergue as mãos rudes,
não mais pertence a agremiações;
Os amigos esporádicos.
Com sua revolução, a milícia
não pode.
Eis que chega o observador
silencioso e dirige-se ao
mais nascente canto do lugar.
Com seu relaxamento espanta
os olhos de cio
passa ao largo com seus ombros
de rocha.
Este homem, perdoem-no,
é pura literatura
Sua vida, mera teoria
Amanhã ou depois
ao despertar
terá sido como os livros de Alexandria.