A ROSA PITHECANTROPA II
A ROSA PITHECANTROPA II
p/afonso
a rosa sem razão
floresce porque
floresce
A rosa roubou-me a fala
rompendo meus dentes com
suas pétalas de clava.
Enraizou-se-me pela garganta
emparasitou o peito
estendeu raízes entre os pulmões.
A rosa, espinhos nas gengivas,
sangrou minha saliva
adocicou meu paladar
rasgou a língua.
Os olhos ardentes, estúpidos,
emersos de espantos
rajaram-se de rosa:
o rosa da rosa vermelha
entupindo minha boca
com sua rude e simples força.
A rosa dos homens primitivos
na boca contemporânea.
Buscando sentidos
estimulando símbolos
a rosa louca
na boca pithecantropa.