45 GRAUS
45 GRAUS
As malas arriadas ao rés do corpo
As mãos frias ao longo
Um peso de medo forçando os ombros
Olhar rotativo querendo guardar
Coisas,
Cheiros que se perderão quando outros odores...
A casa fica
As coisas ficam
Um desejo intenso de incorporar-se
De ser tão parte que a parte seria uma só.
Cimento areia ciúme desejos caibros
Poltronas pessoas livros tardes ruivas
A serenidade das lembranças
Amacia a ânsia pedindo licença
Para se acomodar na sacada
Ver a rua que não mais será visão
Quando as mãos forem arregimentadas
Os braços paralelos
Os passos forem deixando uma marca
Uns sons
Os músculos abandonam
Os joelhos em 45 graus
A casa vai ficando pequena
Antes que os olhos condenem
A distância degusta lembranças
Amanhã nada mais restará de hoje
em nossas Vidas