8º ANDAR

8o. ANDAR

Na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro

às 22:30 de um sábado quente

um homem aconchega-se mais a si mesmo,

abraça-se, como se há muito ausente.

Na cidade de tantos milhões de sozinhos

da janela do 8o. andar, busca alguém.

Ninguém o busca e ele, esticado

à maneira dos mortos, pedindo por alguém.

Qualquer solitário

que fale sua língua, o entenda

ou mulher perfeita, morena.

Esticado à paciente anestesiado

insiste em que alguém o saiba, ouça

Adormece: beijos e poesias lacrados na boca