Dias de correria!

Eu passo no espaço poeirento

e amasso o maço do cigarro pestilento!

Eu traço um palhaço no desenho que invento

e amordaço o compasso desse vento!

Eu argamasso o abraço que tento

e laço e caço um animal corpulento!

Eu faço e desfaço e me aguento

E trapaço e devasso a todo o momento!

Eu uso um braço de aço e me contento

e estilhaço o terraço do apartamento!

Eu enlaço o escasso corpo que enfrento

e te escorraço e esvoaço...

Débil...

Lento...

Então o cansaço,

torna o meu olhar baço...

E eu me sento!

Jacinto Valente
Enviado por Jacinto Valente em 10/02/2007
Reeditado em 18/02/2021
Código do texto: T376196
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