MALUQUEIRA
Quero voltar ao começo
Mas perdi o endereço,
Nem sei onde vou cair.
Se alguém me escutar
E quiser me ajudar,
Nem preciso mais pedir!
Numa tarde de canseira
Eu pensei numa asneira,
Dessas de endoidecer.
Fingi ser um passarinho
Que desaba do seu ninho
E nem sabe o que vai fazer!
Logo avistei uma fonte,
Lá na linha do horizonte,
Voei pra chegar ao céu.
Encontrei um gavião
Que me deu um beliscão,
Eu quase caí ao léu.
Pensei ser uma gaivota,
Voar livre,sem revolta,
Sobre a imensidão do mar.
Veio um vento muito forte,
Desmantelou minha sorte,
Queria me espatifar!
Meu Deus, oque foi que fiz?
Não morri só por um triz!
Quero virar um peixinho.
Eu não quero ser gaivota,
E nada mais me importa,
Não quero ser passarinho!
Como peixe,saltitante,
Tomei a onda gigante
E a coisa ficou bem feia:
Pensava estar em abrolhos,
Mas quando abri os olhos,
Esbarrei numa baleia!
Tentei fazer uma curva,
Mas a água ficou turva
E eu perdi a visão.
Levei um susto danado,
Quando vi que ao meu lado,
Passeava um tubarão!
E agora, o que faço?
Pra sair desse embaraço,
Pra voltar ao meu cantinho?
Como peixe me dei mal,
Tudo continua igual,
Quero ser um passarinho!
Desmiolei a cabeça,
Acho que doideira à beça
Pode até prejudicar.
Esqueci meu endereço
Não sei onde é o começo,
Como é que vou voltar?
Maria do
Socorro Domingos dos Santos Silva
João Pessoa,
01/07/2012.