Ah, Poetisa
Você que sempre escreveu sobre os amores que nunca amou
Sobre os valores que nunca te ensinaram
Sobre os conselhos que nunca seguiu
E as dores que nunca sentiu
Ah, poetisa...
Que suspira por ninguém e acorda por acordar
Que muda de direção quando é alvo dos donos do teu olhar
Que sem coragem de viver, escreve sobre quem vive
Como se vivesse, como se sentisse
Ah, poetisa...
Ainda produrando rosas falantes ou raposas cativantes
Mas abandona as rosas que te falam e não se deixa cativar
Poetisa que se muda quando começa a se acostumar
Poetisa, poetisa, pobre poetisa
Ah, poetisa...
Que procura inspiração em contatos que observa
Que se fecha na redoma que lhe fez deserta
Que só mostra os dentes pra enganar que sorri
Poetisa, tu não és daqui
Ah, poetisa...
Que deixa o mundo dela e se arrisca em outros mais
Que com nada por muito tempo se satisfaz
Que não deixa saudade ao partir e que sempre
Sempre precisa partir
Ah, poetisa
Pobre poetisa