Ah, Poetisa

Você que sempre escreveu sobre os amores que nunca amou

Sobre os valores que nunca te ensinaram

Sobre os conselhos que nunca seguiu

E as dores que nunca sentiu

Ah, poetisa...

Que suspira por ninguém e acorda por acordar

Que muda de direção quando é alvo dos donos do teu olhar

Que sem coragem de viver, escreve sobre quem vive

Como se vivesse, como se sentisse

Ah, poetisa...

Ainda produrando rosas falantes ou raposas cativantes

Mas abandona as rosas que te falam e não se deixa cativar

Poetisa que se muda quando começa a se acostumar

Poetisa, poetisa, pobre poetisa

Ah, poetisa...

Que procura inspiração em contatos que observa

Que se fecha na redoma que lhe fez deserta

Que só mostra os dentes pra enganar que sorri

Poetisa, tu não és daqui

Ah, poetisa...

Que deixa o mundo dela e se arrisca em outros mais

Que com nada por muito tempo se satisfaz

Que não deixa saudade ao partir e que sempre

Sempre precisa partir

Ah, poetisa

Pobre poetisa

A B Queiroz
Enviado por A B Queiroz em 05/07/2012
Código do texto: T3761177
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.