Noutras vidas

Noutras vidas.

Eu velei teu sono, guardei teus sorrisos

a lua te servi à cama, o sol te fiz guia

Idolatrei teus passos sonhei o teu sonhar

Fiz-me vendaval e arranquei as pedras de teu caminhar

Fui verão em pleno inverno

revelando os meus desejos de mulher

Fiz-me flor, mas foste espinho

Feriste minhas pétalas uma a uma

me fizeste comum

Me fizeste espinha em tua garganta

me fizeste pó..e o teu amor fez-se peleja

Noutras vidas em que te encontrei

foste meu rei, e meu escudo

foste meu vinho e o torpor

de toda aventura

Das tempestades em fúria

Foste-me arranha-céu, a minha torre

e eu alcancei anjos, fui rainha

Agora és minha morte lenta

Minha ferida exposta

O ácido que me corrói minha sorte

E a morte é consolo lento

Que não me dá o tempo

E eu sigo entre gemidos nessas palavras mudas

que voam enquanto tu me esqueces nesta vida

e eu te amaria outra vez.

Cristhina Rangel

Cristhina Rangel
Enviado por Cristhina Rangel em 04/07/2012
Reeditado em 05/07/2012
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