Ela e o Tempo.
O rádio toca um Johnny Cash, e no meu olhar brilha teu sorriso como um flash.
Um flash de outro tempo, outras noites, onde meus açoites eram devaneios...
... sem receios.
Sem medo eu contemplo o momento, com um leve amargo na garganta
me trazendo o desalento de sempre se colher o que se planta....
...quase me espanta.
Me espanca e maltrata, quando o quase riso no teu rosto se desata.
Fraca, uma lagrima solitária se destaca.
Borrando a vida que eu desenhei para nós dois,
trancando as portas de saída que você propôs.
Um momento estático, praticamente um pacto.
Deixo o tempo me levar, se ele puder te fazer voltar.
Então sou só eu contra o vento, desfingindo sofrimentos, destingindo alguns momentos.
Atravessando um céu nublado e escuro, esculpindo nesses muros tantas frases e múrmuros.
Paro e aprecio a arte antes do descarte.
Talentoso em se calar, nem tanto ao falar ou escutar.
Não percebeu a crueldade do relógio ao correr...
... fazer ceder mais uma lua, deixando morrer a luz nas ruas.
No rádio já não tenho Johnny Cash, e do teu sorriso ainda só o flash.