A flor e o vento
O vento beija tão moroso, uma flor
que descansa no silêncio, em poesia
amedrontada, de ser despetalada, e a dor
dos espinhos que a sufocam em demasia
o vermelho, pálido, a flor que balança e acena
um riso triste que só cura o amor
de mãos meigas, que gestos ela encena
no casulo que amortece seu pudor
seus vestidos são palavras e encantos
uma donzela á bailar em passarelas
a noite a deixa orvalhada, e aos prantos
espera o dia á aquentá-la das janelas
vestida de silêncio em terra dorme
em tom róseo se abriga, agasalhada
nos pigmentos escorridos e disformes
da poesia em suas pétalas molhadas...