Submerso
Eu surrupio imagens do universo
Imerso ao léu em minha alcova
Entre as paredes portas se abrem
Sem que a vontade se mova
E na janela aberta
Todas as flores são insípidas
Pois provei todas as pétalas
E as cores tem o mesmo gosto insosso
Um pouco mais perto da noite
Raios solares banham as vidraças
E mais uma vez o carteiro não chegou
Trazendo-me notícias dela
Então me recolho em devaneios sãos
E a lâmpada queimada do aposento
Sempre deixo acesa, esperando sua luz
A caneta e o abajur clareiam-me os vultos
Somente a réstia de um novo dia
Pendurado na parede da capela
Poesia guardada em porões úmidos
E eu procrio letras, sentado só em minha cadeira cinza