Janelas da alma
Amor só é amor quando recíproco
Amar-te-ei sem reciprocidade.
Tony Bahia
Janelas da alma
Sem ter-te são longos os dias
Nos cílios e olhos, sinto emoções
Cego observo a dor da agonia
Enxergo com os olhos
Das solidões.
Saudade habita meu ser
Inunda veias
Flutua nos mares
Feito aranha
Teceste a teia
Ao navegares.
Não me odeia
Nem me desdenha
Não me condena
Nem fere.
Repele.
Enxugo lágrimas
Com danos
Nas unhas
E dedos sem pele.
Eu caçador de mim mesmo
A poesia se esvai
Me tornei tua presa
Cravaste-me finos punhais.
Da eterna saudade fiquei prisioneiro
Arranco espinhos da rosa escarlate
Coloco em um vaso depois de quebrado.
A poesia
Diluída
Em cacos.
Soldado voltando da guerra
Silêncio
Sozinho
Amputado.
Tua imagem enxergo
Mesmo sem ver-te
Com as digitais
Consigo tocar-te
Sem ter-te.
Me ame
Me mate.
Amar-te é deleite
E fruto da arte.
Cantando e sorrindo partiste
Lágrimas escorrem
Aos dedos dos pés
Reflete em espelhos
O quadro que faço de ti...
De joelhos.
A tinta sangra
Goteja
Revés...
Pingos de mel
Nas cerdas dos meus pincéis.
Abro as janelas da alma
A Lua se vai sem luar
Entras voando
Se aninha no peito
Do lado esquerdo
Se deita no ar.
Sangrando
Sagrado
Na alcova do quadro
Jazo ao teu lado
Dormimos
Sonhando, acordados!...
A poesia chora
E também sorri
Te sinto Deus em mim.
Tony Bahia
Inspirado em Princípio ativo,
De Leonel Santos.
Autores que indico visita, admiro e gosto.
Leonel Santos
Gilma Laíssa
Um átomo.