Dois animais
(Gata)
Entre as coxas, pelos finos
Que me fazem arrepiar.
Quando passo a minha língua
É felina no paladar.
Sou arteiro nos seus braços
Onde encontro o aconchego,
Mas não quero criar laços
Dessas coisas, tenho medo.
Observo quando andas
Longas pernas torneadas
Separadas pelas bandas
Carnudas nas anáguas.
Gosto da gata manhosa,
Do tato, olfato e do olhar.
Nas manhãs tão Preguiçosa
Na cama, vertida em altar
(O beija-flor)
Dou piruetas no ar
Sou como um colibri
Que beija, beija, sem parar.
Nas paredes de reboco batido
Nossos corpos pervertidos
Dançam sem parar,
É um vaivém frenético,
Quase enfeitiçado.
Pelos vãos medra o mel
Que jorra como a seiva da madeira verde...
Parece que chora,
Choro junto.
É o amor proibido que não quer calar
Norberto Temoteo e eu.